A tensão está no ar, mas não é o caso de entrar na sua corrente sangüínea. A Revista CLAUDIA procurou médicos, terapeutas e consultores de várias áreas para ajudá-la a baixar essa febre moderna.
1. Medo de perder o emprego
É um sentimento cada vez mais comum. Em uma pesquisa da filial brasileira da International Stress Management Association (Isma), realizada em 2006 com mais de 700 profissionais de São Paulo e Porto Alegre, 76% dos participantes apontaram que sua maior preocupação é ser demitido. Hoje, permanecer em uma única empresa até se aposentar é impensável. "O profissional passará, em média, por cinco companhias ao longo da vida produtiva", revela Iêda Novais, sócia-diretora da Trevisan Consultoria, em São Paulo. Como manter a empregabilidade num mercado voraz por novidades, que mantém os funcionários sob constante avaliação? Sendo boa no que faz, perseguindo a sintonia com os valores e a missão da empresa, tendo jogo de cintura para se adaptar às mudanças inevitáveis e planejando a carreira.
2. De não ter condições de sustentar meus filhos
Para assegurar necessidades básicas, os pais podem fazer uma aplicação - como poupança ou previdência privada - desde o nascimento da criança. Mas, se você já proporciona à prole um plano de saúde, uma boa escola, moradia, comida na mesa e carinho, não tem por que fazer drama. "Promover uma viagem à Disney, um curso no exterior ou uma grande festa de 15 anos pode ser um desejo dos pais, mas não é indispensável", alerta a consultora em educação financeira Cássia D'Aquino, de São Paulo. Para ela, ensinar os filhos a lidar com a realidade do orçamento da família também é uma tarefa fundamental para o crescimento deles.
3. De sair sozinho e ser assaltado ou seqüestrado
"Embora esse receio seja pertinente, não é o caso de se trancar em casa. Basta ter cuidado, evitando lugares suspeitos e não se expondo a riscos desnecessários", diz o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, supervisor do Serviço de Psicoterapia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo e coordenador da equipe de atendimento a vítimas da violência urbana. Ele lembra que o temor é útil para alertar sobre perigos, mas deixa de ser saudável quando nos toma como reféns. "Em grau elevado, o medo e sua irmã gêmea, a ansiedade, provocam sintomas psicossomáticos, como irritabilidade, fadiga mental, desânimo, disfunções afetivas e sexuais", explica. Se isso acontecer com você, não adie a visita ao médico. Mas é melhor prevenir do que remediar. Como? Cultive bons hábitos e não despreze a importância do lazer e dos relacionamentos. Os amigos e a família são grandes aliados, trazem alegria e estimulam nossa coragem.
4. De nunca chegar a me relacionar com um cara normal
Cair em uma roubada atrás da outra é pura falta de auto-estima. "As mulheres que repetem esse padrão no fundo não se valorizam, não se acham merecedoras de um parceiro melhor", opina a terapeuta de casal e família Magdalena Ramos, de São Paulo. O tema merece ser investigado em uma terapia, pois remexer nesse baú interior e nos motivos que levam a essa repetição não é tarefa simples. De qualquer modo, ao iniciar um relacionamento, é preciso tentar ver o outro como ele é, sem idealizar ninguém, senão é desilusão na certa.
5. De envelhecer
A proliferação dos tratamentos estéticos permite manter a aparência jovial por muito mais tempo. Isso é ótimo, mas não pode virar obsessão. Abusar do recurso da plástica ou de toxina botulínica, por exemplo, não vai trazer de volta os 20 anos. Pior: o resultado artificial só revelará seu receio de assumir a idade. "Dá para esbanjar sensualidade em qualquer fase da vida. Basta encontrar seu equilíbrio", diz a dermatologista Flávia Addor, de São Paulo, autora do livro DOCE VÔO DA JUVENTUDE (OBJETIVA). Cuide da pele, do que come e bebe, pare de fumar, tome muita água, entre em contato com a natureza, use filtro solar e faça exercícios. Respeitar o corpo e a mente fará do tempo seu aliado.
6. De ter que cuidar dos pais, velhos e doentes
Esse temor é mais saudável do que ignorar o assunto e pode ser convertido em ações concretas. "A primeira delas é abrir os canais de comunicação com os próprios pais e os demais membros da família", esclarece Marleth Sival, de Curitiba, autora do livro QUEM VAI CUIDAR DE NOS SOS PAIS (ED. RECORD). Não fuja das perguntas difíceis: como os pais imaginam a velhice deles? Onde e com quem querem viver? E os outros filhos, estão dispostos a ajudar? O que seu marido pensa sobre essa situação? Além de explorar tais questões, Marleth aconselha medidas práticas, como esforçar-se para acompanhar a situação financeira dos idosos e oferecer-se para ir com eles a consultas médicas. É preciso comprometimento para abordar o assunto, porém o esforço poupará muita dor de cabeça no futuro.
7. De fazer um check-up e descobrir que tenho uma doença incurável
Fugir do médico para evitar um diagnóstico desagradável é enganar a si própria. "Hoje em dia, todas as doenças têm tratamento capaz de, no mínimo, melhorar a qualidade de vida das pessoas", esclarece o infectologista Marcos Boulos, de São Paulo. O diagnóstico precoce é um aliado que pode salvar, mesmo em casos como câncer e aids. O medo do check-up tem a ver com a maneira de encarar a morte. Se aceitarmos nossa finitude, deixamos de nos preocupar tanto e passamos a aproveitar mais a vida. E também a cuidar melhor dela. Praticar uma atividade física, seguir uma alimentação equilibrada, não fumar, consumir bebidas alcoólicas com moderação, usar cinto de segurança e evitar o stress excessivo são as recomendações do clínico-geral José Antônio Atta, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Se o medo de adoecer e morrer insistir, investigue. "Pode ser uma depressão", alerta Zenaide Medeiros, psiquiatra do Hospital do Câncer, no Rio.
8. De ficar gorda como a mãe, a tia...
A genética é um fator importante - o risco de um filho ficar gordo chega a 50% no caso de pais acima do peso. E, se forem obesos, sobe para até 90%. Mas a herança familiar assume papel secundário quando comparada ao estilo de vida", garante a endocrinologista Ellen Simone Paiva, de São Paulo. "Se você romper com o sedentarismo e adotar bons hábitos alimentares, poderá se libertar do destino de seus parentes." Para começar, opte por jantares mais leves. É comum a mulher abusar na última refeição, como se tentasse compensar o cansaço do dia com doces ou alimentos calóricos.
9. De não conseguir engravidar quando quiser ter filhos
De fato, a ciência já provou que a partir dos 35 anos a fertilidade diminui. "O estoque de óvulos se reduz e os que ficam nos ovários já não apresentam a mesma qualidade de antes", explica o ginecologista Arnaldo Cambiaghi, especialista em medicina reprodutiva, de São Paulo. Dependendo da saúde da mulher, a gravidez pode acontecer naturalmente até os 43 anos, mas o acompanhamento médico deve ser mais rigoroso. Hoje, uma das opções para quem decidiu adiar a maternidade é recorrer à técnica de congelamento de óvulos. "O procedimento é recomendável até os 35 anos, quando as chances de o material congelado dar origem a um embrião no futuro rondam os 30%", calcula o ginecologista. Em último caso, é possível utilizar o óvulo de uma doadora ou - por que não? - adotar uma criança.
10. De falar em público
"Não existe o orador nato", afirma o consultor Izidoro Blikstein, professor da Fundação Getulio Vargas e da Universidade de São Paulo e autor de COMO FALAR EM PÚBLICO - TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO PARA APRESENTAÇÕES (ED. ÁTICA). Segundo ele, somente com orientação específica você vai conseguir domar a tremedeira diante de uma platéia. A boa notícia: existem workshops de três dias que já surtem efeito; o resto é prática e atualização cultural. "Só o treinamento não basta: é fundamental enriquecer o repertório de experiências com leituras e viagens", avisa Blikstein.
11. De largar um emprego que eu detesto, mas que é minha fonte de renda
"É natural se sentir insegura, mas, para crescer, você de verá entrentar novos desafios", diz Luísa Chomuni Alves, consultora e headhunter de executivos da Case Consulting, em São Paulo.
A especialista indica o que você deve avaliar:
A. Está preparada (financeira, psicológica e profissionalmente) para deixar o emprego e partir em busca daquele projeto com que sempre sonhou?
B. A nova profissão ou negócio em que pretende mergulhar é viável?
C. O que fazer (cursos, investimentos, contatos) para obter sucesso? Planejamento, maturidade e apoio das pessoas queridas serão fundamentais para que tudo dê certo.
12. De arriscar minha vida pegando avião no meio do caos aéreo
"Seria exagero pensar que sua vida está em jogo, pois viajar de avião tem sido uma atividade de baixo risco no Brasil, mesmo considerando os recentes acontecimentos", afirma Maria Helena P. Franco, psicóloga, professora titular da PUC-SP. Especialista em atendimentos emergenciais às famílias das vítimas de desastres aéreos, ela lembra: "Voar pode nos levar a realizar sonhos de conhecer lugares, de reencontrar pessoas, de crescer profissionalmente". Reconhecer os benefícios ajuda a superar esse temor e a redimensionar o papel das viagens - elas não envolvem só risco, mas também prazer e conquista.
13. De o casamento terminar, meu marido arrumar outra e eu acabar solitária
Existem três situações que costumam acionar a insegurança feminina, segundo a terapeuta de casal Lana Harari, de São Paulo. A. Quando há uma rival real na jogada - então, o temor, justificado, obrigará o casal a encarar o dilema e tomar decisões. B. Se a mulher tem um histórico de abandonos ou traições. Nessa situação, terapia é fundamental para se desvencilhar dos fantasmas e ganhar autoconfiança. C. Quando percebe que a relação conjugal anda morna, fragilizada pela falta de cumplicidade e trocas significativas. "Aí, se a esposa está insegura é porque sente que tem culpa no cartório. Provavelmente, ela deixou de alimentar o casamento," acredita Lana. "Não existe ciúme sem causa. Ou há um fator concreto ou há uma questão íntima, que gera o medo da perda", diz a terapeuta. Portanto, não é o caso de ignorar o temor, e sim de avaliar quais são os seus disparadores, revalidando - ou não - a escolha amorosa.
14. De não dar conta de tudo o que eu tenho para fazer
A sobrecarga resulta de vários fatores. Um deles, talvez o mais comum, consiste na dificuldade em dizer não. "A pessoa quer agradar a todos - chefe, amigos, família... - e assume compromissos demais", aponta o psicólogo Rogério Martins, da Persona Consultoria e Eventos, em São Paulo. Resultado: a ansiedade sobe e a produtividade cai. Claro que, muitas vezes, é a empresa que exige demais do funcionário. Nesse caso, cabe a você decidir se vai encarar o ritmo. Caso a resposta seja sim, adote atitudes compatíveis: comece a delegar e faça uma lista diária de prioridades. Ao sentir que ultrapassou os limites do stress, busque ajuda de um psicólogo ou de um consultor profissional que auxilie na administração do tempo.
15. De ser uma velhinho sem dinheiro
Como a expectativa de vida esticou para 80 anos ou mais, a ordem é se preparar fazendo uma poupança ou um plano de previdência privada o quanto antes. "Os americanos encaram a terceira idade como uma fase de possibilidades - de conhecer lugares diferentes e de aprender coisas novas", revela a consultora em educação financeira Cássia D'Aquino. Ela conta que, em uma viagem recente ao Panamá, conheceu um grupo de 15 idosos australianos que, durante um ano, estavam percorrendo os monumentos históricos, do México ao Egito. "Se agirmos como os americanos e australianos, perderemos o medo de envelhecer e ficará mais simples nos mobilizarmos e programarmos o futuro."
16. De não experimentar nada emocionante, de tão monótona que está minha vida
A psicoterapeuta Lidia Aratangy comenta: "A reação mais justa diante do medo de já ter feito tudo o que era importante deveria ser de gratidão pela generosidade da vida. Ninguém pode se queixar (ou se vangloriar) de ter navegado por todas as rotas. É preciso ter a humildade de reconhecer a criatividade da vida para inventar o inesperado: sempre haverá um repertório de emoções a ser inaugurado. Mas é impossível viver ao mesmo tempo a segurança do porto e a volúpia das velas ao vento. Só tenha cuidado para não confundir tranqüilidade com estagnação: a primeira permite o desfrute das vitórias; a segunda leva à deterioração das conquistas".
17. De ficar inválida e não ter ninguém para cuidar de mim
O primeiro passo para lidar com esse receio, na visão do psicanalista Ruy Fernando Barboza, não é negá-lo, mas encará-lo como uma possibilidade real. "Nossa tendência é antecipar situações futuras de forma exagerada. Porém, quando elas ocorrem (se ocorrerem), costumam ser muito menos difíceis do que imaginávamos." Assim, em vez de tentar descobrir como terá forças para enfrentar uma situação de impotência quasen absoluta (a invalidez e o abandono), procure reme morar, na sua história, aqueles momentos em que, na hora da necessidade, encontrou meios de encarar dificuldades nunca imaginadas - todo mundo já passou por isso. "Ninguém tem que ser forte sempre, mas todos podem perceber a força de que dispõem." Além disso, tente tomar atitudes concretas, como fazer um seguro de vida ou um plano de aposenta doria, a fim de aumentar a autonomia e a segurança.
18. De abrir o próprio negócio
Um projeto desse tipo deve ser planejado, e não fruto de uma urgência. Paola Goulart Rosa, consultora do Sebrae, em São Carlos (SP), ensina o passo-a-passo. A. Faça uma pequena economia para se manter, pois é raro uma empresa já começar se pagando. B. Cerque-se de todas as informações sobre o ramo. A maioria das firmas que fecha as portas com menos de um ano o faz por mau gerenciamento. C. Conheça empresas similares para se inteirar de todos os detalhes que agilizam o funcionamento. D. Aprenda a calcular o preço dos produtos que vai oferecer e defina o público que você pretende atingir. E. Quando abrir seu negócio, não se esqueça de que parte do lucro deve ser reinvestido para o crescimento dele.
19. De que alguma coisa horrível aconteça com os meus filhos
Em vez de se preocupar demais com as crianças e adolescentes, o melhor é ocupar-se deles na medida certa. Ou seja, providenciar o que é necessário - e possível - para a saúde e segurança material e emocional da prole sem se deixar dominar por terrores generalizados. Por exemplo: se tem filhos pequenos, é importante colocar rede nas janelas ou bloquear escadas, mas não dá para evitar que a criança caia de vez em quando. "O instinto de proteção é natural, mas tentar eliminar todos os perigos da vida é sinal de onipotência. Mesmo filhos amados e bem cuidados podem se machucar ou adoecer", diz Suzy Camacho, psicóloga infantil, terapeuta familiar, de São Paulo, e autora do GUIA PRÁTICO DOS PAIS (ED. PAULINAS). Para a especialista, a autonomia da garotada sinaliza se a mãe está cumprindo bem a tarefa de educadora - à medida que os filhos cres cem, ela precisará ter a coragem de se tornar desnecessária.
20. De, sozinha, não conseguir um namorado, de encalhar
Num mundo em que existem muitas histórias rápidas e descartáveis, esse temor é comum. Para a psicanalista Suely Gevertz, da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, quem tem esse medo geralmente acredita que só será feliz se encontrar a cara-metade. Problema: além dos inúmeros fatores externos que podem impedir esse encontro - da falta de tempo à pouca disponibilidade das pessoas ao redor em criar vínculos estáveis -, há uma tendência de idealizar esse parceiro amoroso. Assim, fica mesmo difícil construir um relacionamento na vida real, e a mulher vira uma espécie de Bela Adormecida à espera do príncipe. É preciso abrir os olhos e ampliar as opções de busca da felicidade. "Ela pode estar em vários tipos de relação, além da amorosa, como nas realizações profissionais e pessoais." Se você se preocupar em viver todas as possibilidades e usufruir do que gosta em vez de focar no "encontro ideal", aumentará a chance de encontrar um parceiro real e, provavelmente, com interesses parecidos com os seus.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário