sábado, 28 de junho de 2008

Esteira ou rua: qual a melhor opção para caminhar ou correr?

Na esteira ou na rua?
Nessa disputa, vamos antecipar, não há um vencedor. Na hora de caminhar ou correr, sai na frente quem conhece as vantagens e as desvantagens tanto do exercício ao ar livre quanto do praticado no equipamento. Tirando proveito de cada um, os treinos rendem muito mais
por CÉSAR KURT
design GLENDA CAPDEVILLE
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PROGRAMA DE TREINO

NA ESTEIRA
Por ser um equipamento fácil de manejar, ele engana. Qualquer um acha que dá conta do recado. A falta de acompanhamento profissional é um problema para o iniciante porque, sem ser bem orientado, ele exagera e ultrapassa os próprios limites, nota Helder Montenegro, fisioterapeuta especializado em osteopatia, do Instituto de Tratamento da Coluna Vertebral, em Fortaleza, Ceará. Moral: escolha uma academia que mantenha um professor sempre por perto ou contrate um personal trainer.

AO AR LIVRE
Não é preciso investir muito na fase do planejamento dessa atividade que pode melhorar sua capacidade cardiorrespiratória e ajustar o seu peso. Você só precisa de um bom par de tênis, short e camiseta para sair por aí, andando ou correndo. Mas, óbvio, o ideal seria receber a orientação segura de um preparador físico, especialmente se a meta é acelerar as passadas e correr pra valer. No início, é melhor fazer o exercício em parques do que nas ruas, onde há maior chance de quedas.


RENDIMENTO

NA ESTEIRA
Nela ninguém se preocupa com semáforos fechados e multidões a marcha é contínua e a tendência é você suportar o exercício por mais tempo. E ainda pode-se usar o recurso de inclinação do aparelho. O mais seguro, porém, é se exercitar no plano, diz o cardiologista Ricardo Vivacqua Cardoso Costa, do Hospital Procardíaco, no Rio de Janeiro. Na ladeira, o corpo busca outras fontes de energia muscular, como o glicogênio, e isso sobrecarrega o coração.

AO AR LIVRE
Estudos americanos sugerem que a caminhada e a corrida outdoor levam a um consumo 5% maior de calorias. Isso graças à dupla resistência oferecida pelo ar e pelo vento. Terrenos íngremes também aceleram o gasto extra de energia. Só que o piso é duro e irregular, diferentemente da esteira, que amortece a passada. Portanto, na rua a gente queima mais energia, mas o impacto nas articulações é maior.


CONDICIONAMENTO CARDÍACO

NA ESTEIRA
Nela fica mais fácil monitorar o desempenho cardiovascular, repara Cardoso Costa, que também é presidente do Departamento de Ergometria e Reabilitação Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Isso é importante para todo mundo, para conhecer com maior precisão seu condicionamento, planejar metas e treinos. E, para quem já teve problemas cardíacos, eu diria, é fundamental, diz o médico.

AO AR LIVRE
Manter em dia os exames que atestam a saúde do peito é obrigatório para os que costumam calçar seus tênis e dar umas boas voltas pelo bairro andando e, ainda mais, correndo. Até porque, em tese, é muito mais perigoso passar mal no meio da rua do que em uma academia. Outra medida aconselhável é adquirir um freqüencímetro para ficar de olho nos batimentos cardíacos e nunca ultrapassar a freqüência cardíaca máxima indicada para o treino.

RISCO DE LESÕES NA ESTEIRA
Mais uma vez, aqui, é preciso citar o sistema de amortecimento do equipamento, que, somado ao do tênis, reduz ainda mais o impacto sobre as articulações. Daí que, na esteira, o risco de uma fratura por excesso de impacto na tíbia, por exemplo, é minimizado, como indica um estudo publicado recentemente no Jornal Britânico de Medicina Esportiva. O problema, notam os especialistas, é que as pessoas tendem a se desconcentrar mais sobre o aparelho em relação à rua conversam com quem está ao lado, trocam o canal da tevê e, acredite, tropeçam.

NA RUA
Ao caminhar ou correr na calçada ou na pista, a pressão sobre as articulações é maior, mas isso não é de todo ruim se você pensa em combater a osteoporose, por exemplo. O impacto facilita a absorção do cálcio pelos ossos. Na esteira, esse benefício não acontece com a mesma intensidade, compara Cláudio Pavanelli, fisiologista da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp. Mas cuidado com terrenos muito irregulares, que favorecem tendinites, e evite passar pelas valetas das ruas.


QUESTÃO DE AMBIENTE

NA ESTEIRA
Quem corre dentro de uma academia ou de casa, claro, não sai do lugar, mas isso pode ser uma vantagem, principalmente para os que não querem se arriscar pelas ruas de uma cidade grande, com trânsito intenso e motoristas apressados. O sistema respiratório fica protegido, já que a poluição está mais distante. E você ainda dribla alguns inconvenientes, como o implacável sol a pino ou uma chuva forte.

NA RUA
Para quem pretende percorrer grandes distâncias ou pelo menos se exercitar por mais de 30 minutos , manter o olhar fixo numa parede ou na tela da tevê pode ser monótono demais, para não dizer insuportável. Muita gente desiste da esteira por causa disso. Sair, ver coisas novas estimula e traz bem-estar, opina André Pedrinelli, médico supervisor do Instituto de Traumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo.

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