quinta-feira, 13 de março de 2008

Depressão e Tristeza

Quando uma pessoa manifesta a sensação de vazio e angústia profunda, nem sempre é apenas tristeza. Podem ser sintomas de depressão. Essa psicopatologia tornou-se um dos principais problemas mundiais de saúde pública, pois atinge de 5% a 10% da população do planeta. Mas a boa notícia é que há tratamento para esse distúrbio emocional.



É natural que as pessoas às vezes sintam-se tristes, desanimadas, pessimistas ou de mau humor. São reações inevitáveis diante de tantas situações de perda e frustrações vividas ao longo da existência. Porém quando esses sintomas persistem por semanas, meses ou anos, e a pessoa perde a capacidade de sentir prazer, tudo indica que não se trata de um simples estado de tristeza, e sim de depressão. Do ponto de vista psicanalítico, a depressão corresponde a um sentimento de perda intenso, de fundo real ou imaginário. Mesmo quando a perda é real, a pessoa deprimida tem uma sensação de perda muito

mais profunda.

O comportamento do depressivo caracteriza-se por humor irritável, sentimento de desesperança ou desamparo, e pensamentos ruins, com tendência, em alguns casos, até mesmo ao suicídio.
Pode ocorrer queda do desempenho mental, dificuldade de atenção ou de concentração, lentidão motora, insônia ou sonolência excessiva, aumento ou redução do apetite, e anedonia, que é a incapacidade de sentir prazer em atividades normalmente prazerosas. Alguns depressivos sentem dores no corpo, principalmente na cabeça e nos ombros, além de distúrbios gástricos e intestinais.



A doença pode se apresentar com diferentes graus de intensidade, indo de leve a grave. Com intensidade leve, a pessoa costuma sentir sintomas passageiros, que aparecem e desaparecem ao longo do tempo. Por isso mesmo raramente procura tratamento. Nos casos mais graves, o doente se isola totalmente em sua melancolia, mal saindo da cama e tornando-se incapaz de trabalhar e manter relacionamentos normais.

No cérebro da pessoa deprimida surgem alterações de ordem biológica. Ocorre uma disfunção na fabricação de serotonina, noradrenalina e dopamina, que são os neuro-transmissores responsáveis pela sensação de prazer. Ainda não se sabe por que isso acontece. Alguns indivíduos, mesmo carregando a propensão para a doença em seus genes, não chegam a desenvolvê-la. Provavelmente isso se deve à estrutura da personalidade formada desde a infância e ao seu histórico de vida.

Por outro lado, os sintomas podem surgir em virtude de outras enfermidades, como tumores cerebrais, aids, hipotireoidismo, ou mesmo psicoses. Em mulheres, há casos em que a depressão se manifesta após o parto e na menopausa. A doença atinge também uma faixa da população que poderia estar livre de preocupações e aproveitando a vida: a terceira idade.

O tratamento da depressão envolve basicamente a combinação de psicoterapia e remédios, que corrigem a deficiência de serotonina. A terapia é importante para que a pessoa possa reeducar-se e aprender a lidar com suas dificuldades pessoais. A recuperação é lenta e o apoio familiar é fundamental. É necessário entender que as pessoas não saem de uma depressão de uma hora para outra, mas elas podem se sentir um pouco melhor a cada dia, quando recebem o tratamento adequado.

“A terapia é importante para que a pessoa possa reeducar-se e aprender a lidar com suas dificuldades pessoais. A recuperação é lenta e o apoio familiar é fundamental”

Coluna assinada por:
Flávia Leão Fernandes
CRP 06/68043
Psicóloga clínica, Mestre em Psicologia pela Universidade de Londres, Inglaterra e especialista em Psicologia Hospitalar
com enfoque em obesidade.

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