TATUAGEM bem definida
A tatuagem está cada vez mais comum, escolha a parte do corpo ideal para fazê-la. Evite arrependimentos.
por Thais Szegö | design Giovanni Tinti | fotos Omar Paixão
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A jovem tatuou um motivo tribal no quadril e, vários anos (e muitos quilos) depois, viu o desenho transformado numa espécie de mapa-múndi, de tão disforme. Também tem aquela do rapaz que ostentava com orgulho uma bela águia no peito e que, com o passar do tempo (e o efeito da gravidade), ficou parecida com uma galinha velha. Relatos assim provocam risos, mas é bom levá-los a sério. Quem pretende fazer uma tatuagem deve pensar duas vezes antes de decidir qual parte do corpo receberá o desenho.
“O braço, especialmente a região do tríceps — o famoso músculo do tchau —, a coxa, a mão, o quadril e a barriga devem ser evitados porque correm mais risco de acumular gordura com a idade e de apresentar flacidez”, explica a dermatologista Luciane Scattone, de São Paulo. Aí a pele estica, franze e o contorno da tatuagem vai para o espaço, a ponto de o desenho ficar irreconhecível. Segundo Luciane, é bom também evitar o colo. “É uma região mais sujeita a quelóides, aquelas cicatrizes em relevo”, alerta. Sem contar outra: ela é mais suscetível à ação do sol, pois fica exposta com facilidade. Isso favorece a deterioração da tinta, que desbota. Talvez você se pergunte: o que sobrou então para tatuar? Tornozelos e ombros.
Mesmo assim, antes de entregá-los às agulhas (descartáveis, claro!) do tatuador, assegure-se de que a saúde da sua pele está em dia. Óbvio que não dá para marcar a sessão se, naquela semana, você estiver com um machucado, por menor que seja. “A técnica é invasiva e pode complicar qualquer cicatrização”, justifica Luciane. Pelo mesmo motivo, portadores de doenças crônicas, como o diabete e a hipertensão, precisam conversar com seu médico antes de mais nada.
Claro que também é importante refletir sobre a vida profissional — presente ou futura. Apesar de o preconceito ter diminuído um bocado, vamos ser francos: algumas atividades definitivamente não combinam com uma tatuagem. “Principalmente em empresas mais convencionais ou apegadas às tradições”, opina Tania Casado, professora especialista em carreira da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. Se for o seu caso, o menos arriscado é fazer o desenho numa região que fique bem escondida sob a roupa.
A escolha do desenho também merece cuidado. “A tatuagem serviria para marcar um momento importante da vida, seja de felicidade, seja de tristeza”, diz a psicanalista Sandra Dias, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. “É um jeito de carregar consigo algo próprio, particular. Só que muitas vezes acontece o inverso. Hoje, a tatuagem faz parte da febre do consumismo. Ironicamente, muita gente se tatua para ficar igual aos outros, e não mais para se diferenciar”, analisa.
Quando a tattoo leva as cores do modismo, a chance de o desenho não ter significado especial é enorme — e a do arrependimento aparecer, idem. E atenção: nem sempre o laser, usado nos tratamentos para apagar as marcas do passado, consegue fazer esse serviço direito.
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