quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Faça suas contas e depois faça o que quiser!

Sophia Camargo
Vamos falar sério: quem gosta de fazer orçamento doméstico? Passar o tão esperado fim de semana imerso em meio a contas, extratos de banco e recibos não é exatamente o programa preferido da família, não é mesmo? Ainda mais quando se sabe que o resultado das contas pode não ser muito animador...

Mas a verdade é que ainda não inventaram caminho melhor para alguém conseguir pôr as finanças em ordem. Se hoje você está atolado em dívidas, pode ter certeza de que a preguiça de planejar as contas teve muita culpa no caso. Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve, já avisava o irônico Gato de Cheshire para a perdida Alice, no clássico de Lewis Carroll.

E que tal mudar hoje mesmo essa situação? Definir um caminho e, o que é melhor, saber como chegar lá? Seu objetivo pode ser a compra da casa própria, estudar no exterior, garantir a aposentadoria ou mesmo fazer aquela tão sonhada viagem. Vamos lá!

Como fazer o orçamento
O primeiro passo para elaborar o orçamento doméstico é relacionar todas as receitas e despesas. O economista e planejador financeiro Francis Hesse ensina que, durante um mês, toda a família deve anotar, em uma planilha, todos os gastos.

"Isso deve ser feito por todos, religiosamente. Mesmo que seja o gasto com um café, com um estacionamento, essas pequenas despesas que não costumam ser consideradas", ensina.

Na planilha, liste todas as suas receitas, como salários, aluguéis, aposentadoria e demais rendimentos. A seguir, enumere as despesas com a casa, a escola, a saúde, o lazer e também as despesas extras, como a compra de presentes. Subtraia as despesas das receitas e pronto: esse é o retrato das finanças da sua casa. (Para facilitar seu trabalho, acesse a nossa calculadora).

Se o resultado for negativo, sua situação está crítica: você gasta mais do que ganha. Se empatar, você está num falso patamar de equilíbrio, no zero a zero, que também não é a situação mais indicada. Se as despesas forem menores do que as receitas, então já pode se tornar um poupador (se ainda não for).

Sinal vermelho: Devedor
Se a família gasta mais do que ganha, é preciso virar o jogo. Se as dívidas são muitas, é necessário substituir as mais caras por outras mais baratas.

Por exemplo, contratar um crédito consignado para pagar a dívida do cheque especial e do cartão de crédito. É também a hora de renegociar. Outro passo importante é decidir o que o pode ser cortado. Essa é uma decisão que toda a família precisa tomar e respeitar, caso contrário, a tendência é que a situação se agrave ainda mais.

Sinal amarelo: Zero a Zero
Antes de concluir pelo empate, verifique se não se encontra em uma falsa situação de equilíbrio.

Segundo Francis Hesse, essa situação costuma acontecer com as pessoas que fazem muitas compras a prazo e se "esquecem" das prestações. Uma dica é somar todas as parcelas e ver se o resultado ainda é um empate. "Dificilmente isso acontece", já avisa Hesse.

Mesmo que não haja dívidas, quem gasta exatamente tudo o que ganha não está no melhor dos mundos. Afinal, quem pode garantir como será o amanhã? Se deu empate, ainda assim é preciso pensar em diminuir as despesas, para que a família possa começar a poupar.

Sinal verde: Poupador
Este é o placar que todos querem! O ideal, segundo Hesse, é que todos procurem poupar pelo menos 20% do que ganham todos os meses, já que a poupança mínima que cada um deveria possuir seria aquela que pagasse por seis meses todas as suas despesas.

"Essa é o tempo que, normalmente, uma pessoa que está desempregada leva para se recolocar no mercado de trabalho", explica. Uma dica é que o dinheiro da poupança seja o primeiro a ser separado. Outra dica é que o dinheiro guardado deve ter um objetivo.

"É perigoso acumular dinheiro sem que haja um planejamento, pois, sem compromisso, fica fácil gastar a quantia duramente acumulada com qualquer bobagem", diz o planejador.

Vilão do orçamento
O carro é um dos grandes vilões do orçamento. Os gastos com combustível, manutenção, seguro, estacionamento e impostos podem facilmente desequilibrar as contas da casa.

Hesse conta que um cliente descobriu que estava gastando R$ 800,00 por mês com o carro em idas ao mecânico. A justificativa: apesar de o carro ser muito velho, ele tinha um grande valor sentimental para ele. É bom ficar atento.

Prevenir é o melhor remédio
Além das despesas obrigatórias, como água e luz, outros gastos também são necessários para garantir a tranqüilidade da família.

Plano de saúde, seguro de vida, de carro, de residência, são gastos que devem ser planejados. "Dois meses de UTI acabam com qualquer planejamento financeiro", lembra Hesse.

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