segunda-feira, 25 de agosto de 2008

"Garoto-prodígio" diz que em tecnologia "basta uma boa história"



FELIPE MAIA
Enviado especial da Folha Online a Petrópolis

O empresário norte-americano Ben Kaufman, 21, diz que para fazer sucesso nos negócios não é necessário ter um bom produto: é preciso "uma boa história". Com essa filosofia, ele desponta como um dos queridinhos no mundo tecnológico --sua nova empresa, a Kluster, quer usar a criatividade dos internautas para resolver os problemas de grandes empresas.

Kaufman já foi tema de reportagens elogiosas do "The New York Times" e da revista "BusinessWeek". Também foi eleito pela "Inc. Magazine" o empreendedor nº 1 dos EUA com menos de 30 anos de idade. Mas ainda não tem o faturamento nem um produto tão popular quanto outro "garoto-prodígio", o dono do Facebook, Mark Zuckerberg, 24, o mais jovem magnata do mundo, com uma fortuna avaliada em US$ 1,5 bilhão.
Divulgação
Empresário Ben Kaufman, 21, já foi tema de reportagens elogiosas do "The New York Times" e da revista "BusinessWeek"
Empresário Ben Kaufman, 21, já foi tema de reportagens elogiosas do "The New York Times" e da revista "BusinessWeek"

De fato, a história de Kaufman chama mais a atenção do que seus projetos em si. Ele abriu sua primeira empresa aos 14 anos: uma produtora de vídeo e webdesign que teve amigos da família como primeiros clientes, mas acabou prestando serviços para empresas como Maybelline e a L'Oreal.

Aos 18 anos, criou uma empresa para fabricação de acessórios para o iPod, chamada Mophie, usando o dinheiro da hipoteca da casa dos pais.

Esforço coletivo

Em 2007, antes de uma apresentação na MacWorld, evento em San Francisco em que a Apple apresenta seus principais lançamentos, ele resolveu usar o trabalho dos participantes para criar um novo produto --ele diz que não tinha uma "grande idéia" para participar.

Convidou, então, as pessoas a darem sugestões para um novo produto para o iPod: em três dias, mais de 3.000 pessoas participaram do projeto, que resultou no lançamento de uma capa, que funciona também como chaveiro, para o modelo shuffle do tocador.

"Não é um produto impressionante, é até chato. Mas tem história, um contexto, é resultado de um esforço coletivo. Você tem que contar uma boa história para as pessoas", disse Kaufman, durante apresentação na FTP (Festival de Tecnologia de Petrópolis), na região serrana do Rio.

A Mophie, que chegou a um faturamento anual de US$ 5 milhões, foi vendida no ano passado, a um preço não revelado. Com o dinheiro do negócio, ele decidiu abrir a Kluster, usando a mesma estratégia de "unir cérebros" para fazer projetos.

Dinheiro por idéias

Pelo sistema, alguém que tenha um projeto pode pedir ajuda aos internautas cadastrados, solicitando dicas --o dono do trabalho se propõe a pagar uma determinada quantia a quem se envolver na empreitada.
Divulgação
"Acho que eu sou mais criativo", diz Ben Kaufman sobre dono do Facebook
"Acho que eu sou mais criativo", diz Ben Kaufman sobre dono do Facebook

Quando o projeto termina, o dinheiro é repartido entre os internautas, de acordo com a importância de cada sugestão, medida pelos próprios usuários.

A Kluster fica com um terço do valor ofertado pelos donos dos projetos. O faturamento da Kluster vem também da venda da ferramenta para empresas, para resolver questões específicas, como a escolha do nome de um novo produto. "Use a colaboração a seu favor", aconselhou Kaufman aos participantes da FTP.

Ele não revela quanto a Kluster --que hoje tem uma equipe de dez pessoas-- fatura com o sistema, mas reconhece que a empresa já passou por problemas, atrasando o salário dos funcionários. Segundo ele, isso é "normal" para qualquer empresa.

Kaufman também nega que tenha qualquer concorrência com Mark Zuckerberg e diz que os dois são amigos. "Ele está mais ligado na questão financeira, no negócio. Acho que eu sou mais criativo", gaba-se.

O repórter viajou a convite do Movimento Petrópolis-Tecnópolis

Nenhum comentário: