Muitas vezes as pessoas ficam presas a um emprego ou um casamento, simplesmente porque não querem mudar de hábito. E se acomodam, infelizes, o maior tempo que der...
Por Andrea Pavlovitsch
Quem não se matou de rir com Whoopi Goldberg no clássico “Mudança de Hábito” nos anos 90? A típica golpista vai parar num convento e precisa refazer toda a sua vida, da água para o vinho. Lá passa por situações engraçadíssimas, protagonizadas por uma super atriz que caiu nas graças do público por conta de sua atuação.
Pois bem, quando assisti a este filme pela primeira vez eu fiquei pensando em como deveria ser difícil para alguém que sempre passou a noite em claro, dormir cedo como num convento. Talvez, na época, esta era uma questão crucial para mim e me apeguei a isso. Mas se pararmos para pensar este não foi o único hábito que a simpática freirinha precisou mudar e a graça do filme está justamente em analisarmos o período de mudanças pelo qual ela passou.
Na nossa vida é igualzinho. Outro dia estava caminhando tranquilamente pelo shopping e me lembrei que tinha uma loja da Haagen-Dazs . Hum, sorvete, pensei. Desisti da idéia quando percebi que estava de dieta (atentem para o percebi) e que estava escolhendo não comer coisas muito calóricas. Alguns passos mais adiante me lembrei de uma Cacau Show com uma incrível barra de chocolate com pimenta que tem o sugestivo nome de “Chocoterapia” .Continuei andando, já começando a achar aquela história de dieta bem chata. Mais alguns minutos e eu estava com uma verdadeira larica por doces. Qualquer doce. Qualquer coisa.
Eu tinha acabado de fazer um jantar light então aquilo não tinha o menor sentido. Lembrei que estava lá para mudar um hábito e que doces em excesso não faziam parte deles. Mas como foi difícil. Como foi complicado simplesmente não me deixar levar pela vontade e me tacar no primeiro petit gauteau que eu encontrasse pela frente. Eu só conseguia pensar: como é difícil mudar um hábito enraizado.
Com tudo é assim. Muitas vezes as pessoas ficam presas a um emprego ou um casamento, simplesmente porque não querem mudar de hábito. Pensam na preguiça e na insegurança de arrumar outro casamento ou parceiro. No pavor de ficar desempregada, mesmo que a vida esteja uma porcaria. E se acomodam nos seus hábitos antigos.
Eu, no exemplo, habituei-me a afogar minhas mágoas nos doces. E é só uma frustração, uma pequena frustração que seja, que eu já me jogo na primeira caixa de bombons. Assim, usando estes termos, me jogo. Porque perco o controle como se meus pensamentos e meus desejos não fossem passíveis de controle.
Aí é que entra o controle de si. Não o controle das pessoas ou das situações, mas o controle daquilo que pensamos. Estou numa verdadeira guerra com a minha mente porque, de alguma maneira, ela já estava habituada a coisas que eu não quero mais pra mim. Mas para o ego é complicado abrir mão de algumas coisas.
Então, eu só vejo uma solução. Perceber que eu estou dentro de mim e que sou eu quem tem que vigiar os meus pensamentos. “Orai e vigiai” já diria o grande mestre. Fazer como os grandes mestres zen que consegue se afastar do seus ego (leia, sua mente) e manter o controle sobre o seu eu verdadeiro e aquilo que a pessoa quer e tem potencial para ser de verdade. Se um doce, um simples doce pode me vencer, o que não será dos sentimentos de derrota, da baixa auto-estima e mais um monte de pensamentos de porcarias que nos assolam todos os dias. Aprender a se vigiar saber exatamente o que se quer é a única maneira de aprender. Mesmo que isso, no começo, custe um pouco de treino, esforço, dedicação e, porque não dizer, armadilhas da mente para fazer você voltar ao estado anterior. O ego quer sempre manter o seu padrão, por pior e mais dolorido que ele seja e cabe a nós mudar o prumo do navio e começar a dirigir os nossos pensamentos e, conseqüentemente, nossas ações.
Mais uma vez, e só pra fechar, “Orai e vigiai”!
Andrea Pavlovitsch é terapeuta holística
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